segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Combate ao analfabetismo precisa atrair e manter adultos na escola


O combate ao analfabetismo adulto no Brasil precisa de política pública de mobilização, afirmam especialistas consultados pelo UOL. Dados divulgados nesta sexta-feira (27) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o índice de analfabetos do país parou de cair pela primeira vez em 15 anos: 8,5% da população com mais de 15 anos não sabe ler e escrever.  
A estagnação não foi surpresa para quem acompanha o assunto. "Nós vemos o quanto as salas de aula de EJA [Educação de Jovens e Adultos] estão sendo fechadas nas redes municipais e estaduais", afirma Sonia Couto, pesquisadora e coordenadora do IFP (Instituto Paulo Freire). 
Já vi divulgação de curso com uma faixa em frente à escola dizendo que há vagas para supletivo. É preciso que alguém leia para saber disso. Por outro lado, há experiências de divulgação com carro de som com ótimos resultados
Sonia Couto, coordenadora do IFP
A pesquisadora critica a forma como são ofertadas as salas de EJA e afirma faltar vontade política para reduzir o número de analfabetos. "O adulto tem problemas de horário de trabalho, problemas na família. O curso começa às 19h e termina às 23h, ele nem consegue chegar às 19h e nem ficar até as 23h, porque está cansado", reclama. 
Para ela, as redes precisam criar programas que atendam essa população conforme suas necessidades. Os cursos deveriam ter flexibilidade de horário, práticas didáticas adequadas para adultos e divulgação adequada. 
"O adulto não é obrigado por lei a voltar para a escola. Teria que fazer um programa de engajamento, de mobilização destes adultos", concorda Priscila Cruz, de diretora-executiva do Movimento Todos pela Educação.
"A queda do analfabetismo devia ser muito rigorosa no Brasil", afirma Priscila. "Em relação aos outros países, a gente está ficando cada vez mais para trás."

Atenção para crianças e jovens

Para o representante do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação), Klinger Barbosa Alves, por muito tempo as redes estiveram focadas nas crianças. "A atenção do sistema educacional ficou muito tempo voltada para inclusão de crianças e adolescentes. Os números mostram que precisamos ficar atentos a um número imenso de jovens e adultos que precisam voltar para a escola", avaliou Klinger Barbosa Alves, representante do Consed (Conselho Nacional de Secretários de Educação). 
Segundo o secretário de educação estadual do Espírito Santo, um dos problemas de atendimento dessa população é a evasão. "A experiência aqui no Estado mostra que, por exemplo, quando um adulto matriculado muda de emprego é grande a chance dele abandonar o curso", diz Klinger.
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Pnad 2012 mostra o Brasil em números22 fotos

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O contingente de pessoas de 15 anos ou mais de idade (população em idade ativa) foi estimado em 151,9 milhões em 2012. Cerca de 100,1 milhões compunham a força de trabalho (população economicamente ativa), assim, a taxa de atividade, indicador que mede a proporção de pessoas em idade ativa que estavam na força de trabalho, foi de 65,9%. Em 2011, a taxa havia sido de 66,2% Folhapress/UOL

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